segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O ALUNO


Desconheço o autor


Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da quinta série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual.
No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Ricardo. A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.
Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano.
A Sra. Teresa deixou a ficha de Ricardo por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.
A professora do primeiro ano escolar de Ricardo havia anotado o seguinte: Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.
A professora do segundo ano escreveu: Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.
Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: a morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo.
A professora do quarto ano escreveu: Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.
A Sra. Tereza se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada.
Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.
Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Ricardo lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Tereza chorou por longo tempo...
Em seguida, decidiu-se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava.
Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor da classe. Um ano mais tarde a Sra. Tereza recebeu uma notícia em que Ricardo lhe dizia que ela era a melhor professora que teve na vida.
Seis anos depois, recebeu outra carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo.
Mas a história não terminou aqui. A Sra. Tereza recebeu outra carta, em que Ricardo a convidava para seu casamento e noticiava a morte de seu pai.
Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes, e também o perfume. Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido:
- Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.
Mas ela, com os olhos banhados em pranto sussurrou baixinho: você está enganado ! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci.
Mais do que ensinar a ler e escrever, explicar matemática e outras matérias, é preciso ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando.
Mais do que avaliar provas e dar notas, é importante ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a diferença...

sábado, 15 de dezembro de 2012

SOBRE PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO FEDERAL



Lendo um post de um amigo professor sobre a pesquisa que desenvolverá sobre a percepção dos beneficiados com os programas sociais do Governo Federal, tais como o Bolsa Família, fiquei pensando como este programa deve ser importante na vida das pessoas que são atendidas por ele.
Na minha infância eu nunca fui ao cinema, ao teatro, parque de diversões e só consegui comprar um vídeo game Super Nintendo usado por volta dos quinze anos. Os doces que comíamos era apenas paçoquinha, doce de abóbora, canudo de leite. O mesmo valor também dava pra comprar dois chicletes ou um pacotinho com três figurinhas.
Com certeza os programas sociais não resolvem o problema de ninguém, mas certamente se tivéssemos esse benefício quando eu era criança talvez meus pais poderiam ter comprado um caderno melhor, uma lapiseira ou nos levado pelo menos uma vez ao parque de exposições na hora do show ou para andar num brinquedo. Digo hora do show porque agora me lembrei que meu avô levava meu irmão e eu no parque na parte da manhã, quando a entrada não tinha custo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Raul O Início, o fim e o meio!

Terminei de assistir o documentário Raul O Início, o fim e o meio! O filme Narra a trajetória de um homem extraordinário, um herege por excelência, de uma capacidade criativa e contestatória extraordinária. Incrível. Sua profundidade, riqueza, intensidade foi seu princípio, seu meio, seu fim. Uma vida não tão longa. Certamente todos que conhecem sua obra lamentam profundamente por ele já não estar conosco. No entanto, continua vivo em sua música, em sua poesia, em sua contestação.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

MAGAZINE LUIZA - TOTAL DESRESPEITO AO CONSUMIDOR

Desejo com este post repudiar a total falta de respeito da Empresa Magazine Luiza, que não tem o menor interesse em atender com dignidade o público consumidor. Como toda empresa, esta visa apenas lucro e não prestar um serviço a sociedade. Desse modo, todo esforço é feito na hora de vender um produto, no entanto, o mesmo não ocorre no processo de troca.Estou enfrentando sérios problemas para trocar um eletrodoméstico. Por duas vezes já tive que enfrentar o trânsito infernal de Maringá, gastar gasolina e principalmente tempo para trocar a minha mercadoria e ainda não consegui efetivar a troca. Foram informações mentirosas, promessas não cumpridas, chá de cadeira e problema não resolvido.Imagino que o processo não seja diferente em outras empresas, já que a dinâmica é a maximização dos lucros, não do serviço à sociedade. Desse modo, claro, nosso inimigo é capital. Mas ainda assim, recomendo que não comprem nesta loja, por dois motivos: primeiro, porque você pode passar pela mesma situação que eu. Segundo, para retaliar esta empresa, que claramente desrespeita seus clientes.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

MAIS UM CRIME CONTRA OS DIREITOS DOS SARANDIENSES


Violação dos direitos fundamentais do ser humano.
Lamento pela precarização intencional da saúde pública em Sarandi. Infelizmente, por objetivos pessoas e por ânsia de poder nosso povo vêm sendo massacrado. O sinal mais visível é a inexistência de saúde pública em nossa cidade.

terça-feira, 17 de abril de 2012

SOBRE A ARTE DE ENSINAR

“Prefiro as lágrimas por não ter vencido, do que a vergonha por não ter lutado”
Às vezes cometemos erros. Não são apenas os professores autoritários que erram. Os democráticos também erram. Mas fico pensando, prefiro errar por excesso de zelo a errar por prejudicar alguém, por ser intransigente, duro, incapaz de dialogar com o aluno. Obviamente, isso requer admitir e corrigir o erro, caso raro entre os que gozam de algum tipo de poder.
Escolhi ser professor, e essa opção foi livre e desejada. Eu posso dizer que realmente escolhi ser professor. Entre as possibilidades que se colocaram pra mim no momento da minha decisão profissional, todas que me cativaram estavam relacionadas à prática docente. Entre elas optei pela licenciatura em Ciências Sociais, onde me sinto totalmente realizado tanto do ponto de vista da pesquisa e da produção científica, quanto do ponto de vista da docência.
Penso que me formei professor para compartilhar, para somar. Em outras palavras, não me formei professor para vigiar, fiscalizar, punir ou torturar ninguém. Não sou rígido apenas porque não consigo. Mas porque não quero. Porque optei por não sê-lo.
Optei por fazer de minha sala de aula um espaço de construção intelectual e humano. Obviamente, nem sempre acertamos na dose dessa ação. Mas essencialmente minha prática se pauta pela aposta na construção de um sujeito estudante autônomo, e a única forma de o professor colaborar pra isso é conferido autonomia a ele. Não se ensina a democracia, a igualdade e liberdade se não as praticando.
Nessa perspectiva não apenas o momento de exposição monológica do conteúdo é pedagógico. É igualmente pedagógica a maneira como o professor de se porta diante do conhecimento e diante dos alunos. Nessa perspectiva até mesmo a roupa que o docente usa cumpre uma função educativa. Não se ensina apenas com doutrina, se ensina com gestos, comportamentos, sorrisos. Da mesma forma, as fugas do conteúdo, as perguntas mais bobas e as brincadeiras são consideradas relevantes e dignas de serem problematizadas.
Enfim, o papel do professor é mediar a compreensão do texto. Para tanto vale o melhor contexto (por favor, releve a rima pobre). Assim, a nota, o ranqueamento e toda forma de classificação quantitativa é relegada a um segundo plano. A nota da “prova” não reflete, de fato, o que o aluno aprendeu. Aliás, a própria avaliação é um momento formativo fundamental para a construção do conhecimento. Quando se erra na prova, se acerta na vida. Com efeito, uma atitude espontânea do estudante é indagar o professor, onde errou e porque errou. Essa busca o faz notar o erro, corrigi-lo e enraizar a compreensão correta em seu sistema cognitivo.
Neste sentido, a prática docente assume contornos agonísticos, é um refletir e refazer constante, que, no entanto, não é cíclico, nem linear, mas pode ser espiral, pois os processos de teses e antíteses resultam em novas sínteses, que por sua vez desembocam em novas teses e assim por diante. Desse modo, entendo que só o professor que ousa não ficar no lugar comum pode avançar no aprimoramento de sua prática e na potencialização do repertório intelectual e humano de seus alunos. Afinal, o maior ensinamento deste mestre não é a doutrina consagrada, mas os caminhos para a busca do conhecimento indicados por sua ação. Assim, repito, prefiro errar por ser democrático a errar por ser autoritário.

sábado, 17 de março de 2012

ASFALTO DO NO JARDIM NOVO PANORAMA – MAIS UMA OBRA CLIENTELISTA E ELEITOREIRA

Os CCs da atual gestão da prefeitura de Sarandi enchem (R$$) a boca para alegar que todos que corajosamente apontam os problemas desta administração não se agradam com nada, são filhote desse ou daquele político etc. Mas eu vou deixar para leitores tirarem as suas próprias conclusões. Abaixo relaciono algumas fotografias da obra de asfaltamento do Jardim Novo Panorama. Como o leitor deve saber, as vias deste bairro são feitas com paralelepípedo. O estimado leitor deve saber também das enxurradas que descem por este bairro, chegando furiosas no Parque Alvamar, onde invadem casas, destroem casas e vitimam seres humanos.

Pois bem, uma grande obra está sendo concluída para resolver o problema destes dois bairros. Finalmente, enquanto alguns pensavam que morreriam ser ver asfalto em frente a sua casa, o caminho preto chegou. Pasmem! Não foi feito sistema de galeria de águas, rede de esgoto é produto de luxo e o massa asfáltica foi jogada sobre as pedras. Que o leitor faça a sua própria avaliação e conclua aonde vai parar as aguas pluviais.

No entanto, o mais belo trabalho foi feito na Rua Júlio Limonta, no trecho que faz divisa com Maringá. Ali simplesmente jogaram a malha asfáltica sobre o cascalho irregular. As lombadas e depressões no desenho do solo foram mantidas e tampouco se fez o meio-fio. Lamento. Nos levantamentos que tenho feito sobre o planejamento urbano de Sarandi, este se define pela ausência de qualquer planejamento racional, pelo crescimento desordenado do espaço urbano e pela administração clientelista e autoritária da pauperização deste povo. Marx falou sabiamente que os fatos históricos acontecem duas vezes, a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Cabe a cada cidadão Sarandiense tomar a sua história nas mãos e escolher romper com este farsa ou dar seguimento a ela, mantendo-se submisso a esta política que vem sendo feita na nossa cidade.























quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

PREFEITO CARLOS DE PAULA NÃO RESPEITA NEM ESTUDANTES DA EJA

“A educação sozinha não transforma
a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda” (Paulo Freire)


Que uma das maiores virtudes do atual prefeito de Sarandi, Carlos de Paula, é não ser democrático todo mundo sabe, mas o difícil de mensurar é ate aonde vai sua capacidade de tratorar tudo e todos para atingir seus objetivos, que também é sabido por todos, isto é, a reeleição a qualquer custo.

Hoje infelizmente participei de um incidente lamentável com o prefeito. Fui acompanhar uma reunião na qual o prefeito convidou os moradores do Jardim Novo Independência para falar tratar sobre o asfaltamento da região. Ótimo. Mas como sei que cada reunião dirigida pelo prefeito é um circo onde, lógico, ele é personagem principal, não era de se esperar que seu cajado autoritário fosse agir mais uma vez.

Não quero aqui tratar do déficit democrático e não participativo de seu governo, nem da forma manipuladora e demagógica que ele dirige as suas reuniões. Só para registrar, o prefeito pede votação às suas propostas sem o menor debate, sem estudos técnicos e sociais sobre a obra, o prefeito simplesmente fala que é bom e pede pra que quem concorde levante mão, em meio a confusão, o povo gentil simplesmente ergue o braço. Na avaliação do prefeito isso é ser democrático. Uma das palavras dele hoje foi “ta vendo, isso que dá ser democrático”, ao se referir a uma proposta “aprovada” na reunião.

Mas escrevo para relatar que o prefeito Cara de Pau, digo, Carlos de Paula não respeita nem mesmo os estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Chegando a escola reparei que havia pessoas, na maioria senhoras, com cadernos abertos sentados às carteiras em uma das salas de aula da Escola Municipal Yoshio Hayashi. Olhei bem e não acreditei que fosse uma aula. Viro-me então e pergunto a um guarda e ele confirma, são alunos estudando. Nesse ínterim o prefeito passa por nós, então aproveito e o indago se ele não respeita os alunos que estão estudando. Muito educado, ele segue andando e me xinga, as palavras deles são impublicáveis e prefiro joga-las ao lixo ao invés de disseminar tolices por aí. Mas gira em torno disso “ah, vai se f... seu f.....”.

É obvio que fiquei chocado e revoltado. Como professor que sou e sei do quanto é problemático trabalhar em um ambiente inadequado, sobretudo com o alto barulho dos gritos “eleitoreiros” do mestre de cerimônias da prefeitura, amplificado pelo som em volume máximo. Fiquei embasbacado. Mas como o que está ruim pode piorar, o capataz do senhor prefeito, o ilustre vereador Ailton Machado, veio me advertir. Segundo ele eu estava desacatando a autoridade do prefeito. Claro que meu sangue é quente e eu respondi a altura, inclusive no tom da voz (confesso, gostaria de ter sangue de barata em momentos como este), e aproveitei pra dizer algumas verdades a ele. Se sentindo desrespeitado, o capitão do mato disse que ia chamar a polícia, óbvio, logo ele se dissuadiu dessa ideia em instantes.

Mas enfim, qual é a moral da história? A realidade é que este governo está preocupado demais em enfiar goela abaixo da população as suas obrinhas e angariar votos que se esquece de que em Sarandi existe um povo que desde que esta região foi ocupada vem sofrendo com toda sorte de preconceito, miséria, discriminação, ausência de saúde, educação e equipamentos públicos de qualidade. O prefeito não é capaz nem sequer de notar que existem estudantes. E que muitas vezes eles são adultos que não tiveram oportunidade de estudar quando crianças. Que precisam trabalhar o dia todo e se sacrificar no ensino noturno. Mas, claro, o palanque eleitoral é mais importante que qualquer estudante; onde já se viu, por causa de semianalfabetos o senhor prefeito deixar de realizar sua “democrática” e “participativa” reunião. Claro, neste caso, democracia e participação significa erguer a mão e referendar o que já foi decidido “cientificamente” pela ambição do senhor prefeito.