domingo, 19 de abril de 2009

DEPOIMENTO DE UM JOVEM PROFESSOR

Recentemente tive a alegria de iniciar minhas atividades docentes. Dei aulas num colégio privado de Maringá, como professor substituto de filosofia e sociologia. Inexperiente, confesso um certo desespero ao entrar em sala de aula e ver aquela molecada de pele lisa e rosto juvenil, belos como a aurora, alvoroçados querendo saber quem era o novo professor.

Certo de que meu objetivo maior é contribuir na formação intelectual e humana comecei a apresentar o conteúdo preparado, tentando estabelecer uma relação dialógica com eles. Reconheço que não é fácil manter a atenção dos alunos na matéria, de modo que me vi obrigado a recorrer a mecanismos de controle, embora não seja afeto a este tipo de prática. Em alguns momentos me senti perdido quando tentava desenvolver alguma reflexão e me via falando às paredes ou às cadeiras.

A despeito dos desafios que não são poucos nesta profissão, me sinto muito feliz; é prazeroso estar no meio da juventude, me misturando e dialogando com eles. De fato, os jovens são um grupo privilegiado onde os sonhos e utopias ainda não foram desmontados.

Embora jovem e inexperiente tenho certeza que já aprendi algo fundamental no exercício docente. Acima de um saber professoral pronto a ser aplicado em sala de aula, posso aprender muito com os estudantes construindo um conhecimento coletivo, ou seja, professor e aluno ensinado e aprendendo. De fato, conteúdos que eu julgava ter domínio tomou novas feições num relacionamento dialético com os estudantes. Como ensina Paulo Freire a prática de ensinar nos leva a aprender, a retificar nossos erros e a repensar o pensado e tido como certo. Neste sentido Freire afirma que a curiosidade “quase virgem dos alunos estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante”.

Deste modo, levo como primeiro grande aprendizado de meu trabalho o dever humilde de sempre estar aberto ao novo aprendizado construído socialmente entre “mestres e alunos”, pois como aprendi ensinado: ensinar me leva a aprender.

Referência

FREIRE, Paulo. Carta De Paulo Freire Aos Professores. Estud. av. vol.15 no.42 São PauloMay/Aug. 2001. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2009

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