quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CARTA ABERTA AO PADRE ZENILDO MEGIATTO‏

Abaixo publico o texto do amigo Jonas Jorge da Silva. Acrescentaria apenas uma ideia à carta de Jonas: parabéns pelo rebento que nascerá, nada deve ser maior na vida de um homem do que a felicidade de ser pai.





CARTA ABERTA AO PADRE ZENILDO MEGIATTO‏
Por Jonas Jorge da Silva


Quero entoar um canto novo de alegria,

ao raiar daquele dia de chegada ao nosso chão.

Com meu povo celebrar a alvorada,

minha gente libertada, lutar não foi em vão.



Querido padre Zenildo,



nesses últimos dias, não deve estar sendo fácil para um homem tão íntegro como você ouvir tantas injúrias e difamações. É incrível a intensidade com a qual vários veículos de comunicação repercutiram os últimos acontecimentos sobre a sua vida pessoal.



Quero lhe confessar uma coisa, quando ainda pensava em ser padre, observava a sua capacidade de se indignar e sentir compaixão pelas dores de nossos irmãos mais pobres e sentia um desejo imenso de viver um sacerdócio como o seu. Um homem desapegado dos compromissos com os mais afortunados, que nunca teve medo de dizer o que pensa, que sempre fez de suas homilias momentos de alta profecia, tendo como espelho o Evangelho de Jesus Cristo.



Não posso deixar de pensar que todo esse rebuliço em torno dos fatos que lhe ocorreram é um forte sinal de que aqueles que são inimigos, não seus, mas do Reino de Deus, nesse momento regozijam. Sim, lembro-me muito bem que não houve comunidade pela qual você passou que não tenha sido desafiada a buscar alternativas para sua população mais pobre. Você sempre foi o padre dos “sem”: sem terra, sem teto, sem escola, sem moradia digna, etc. Tal fato sempre incomodou muito aos que arquitetam um projeto de poder pessoal.



Querido padre, sua pedagogia é a do povo. Não me lembro de um dia sequer que tivesse me encontrado contigo e você não tivesse mencionado algo sobre o saber do povo. É a partir da experiência de vida popular que você sempre ousou abrir novos horizontes.



Nesse momento, fico a imaginar aqueles que lhe viraram as costas. Que gente mesquinha! Que gente hipócrita! Esquecem que a hipocrisia é um dos mais fortes atentados contra o Reino de Deus. Como é difícil ver um homem de cabelos brancos como você sendo pisoteado por aqueles que nunca entenderam o seu projeto de vida. Como é difícil ver uma vida inteira de testemunho de vida cristã sendo desconsiderada por aqueles que querem tripudiar sobre alguém que nunca se contentou em fazer o jogo de sempre.



Querido amigo Zenildo, a sua recompensa virá de Deus. Fique tranquilo, pois você será julgado por Deus pela passagem do Evangelho de Mateus 25, 31-46 e não pelas convenções sociais. E eu espero que o povo do Paraná continue podendo contar com o seu espírito guerreiro. Tenho certeza que sua fidelidade ao Reino de Deus continuará nos dando muita alegria e vontade de ser cristão.



Receba o meu abraço e o de tantas e tantos companheiras(os) que se orgulham de você. Que aprenderam algo com o seu jeito simples, autêntico e aberto de ver a vida e viver os valores do Evangelho.

Estamos com você! Contamos com você!

Jonas Jorge da Silva

domingo, 19 de outubro de 2014

NOS ÚLTIMOS DIAS DA CORRIDA ELEITORAL OU NÃO ESQUECER O PASSADO PARA MELHORAR O FUTURO

Nos últimos anos minha posição tem sido crítica ao PT, mas sempre com defesa dos avanços sociais que a muito custo foram feitos nestes governos. Eu fui beneficiário disso tudo. Minha família também. Venho de uma família muito pobre. Meus pais e avós foram imigrantes brasiguaios na divisa paraguaia com o Mato Grosso do Sul. Depois de toda espoliação que os pequenos agricultores sofreram, minha família não resistiu e voltou pro Paraná no começo de 1993. Meu pai (o único que podia trabalhar na época), sofreu pra conseguir um emprego e logo ficou desempregado. Tinha seis pessoas pra sustentar, incluindo duas crianças (meu irmão e eu) e dois idosos doentes (meus avós). Inúmeras vezes pernoitamos nas filas de consulta médica para minha vó. Meu pai ficou doente com tudo isso. Não tínhamos dinheiro pra comprar material escolar. Os únicos doces que comíamos eram os saborosos canudos fritos, geleias e paçoquinhas de dez centavos, além das saudosas guloseimas caseiras de minha vó. Uma das especialidades dela era queimar açúcar e transformá-las em balas. Ela também fazia doces de banana, de abóbora, de leite e manjar. Minha mãe fez um curso de corte e costura e se empregou na indústria da confecção. Os remédios eram caros e consumiam quase todo o salário do meu pai.

A situação só melhorou pra nós com o pleno emprego e com o acesso à universidade, que não coincidentemente foi no período do governo Lula. Tudo que minha família conseguiu melhorar em termos de renda e de qualidade de vida foi graças aos direitos assegurados para a população mais pobre nos últimos doze anos. Negar isso na minha história seria de uma canalhice tremenda (o que, diga-se de passagem, muitas pessoas fazem. Embora melhoraram muito de vida nesses anos, negam a relação com a política). Minha formação foi toda conquistada durante estes anos. Entrei na universidade, bem como tive bolsa de estudo na graduação, mestrado e agora no doutorado graças a essas políticas que abriram a universidade para um novo público e mesmo me permitiu nela ingressar. Graças a esse contexto pude construir minha casa (a construção é financiada, o terreno é meu), viajei de avião, saí de férias, minha família igualmente. Não posso de maneira alguma sequer conceber a possibilidade do retorno daqueles que sempre foram inimigos de tudo isso. Quero salientar que isso não é neurose de esquerdista, são fatos, são práticas tucanas, são declarações feitas pelo próprio Aécio e pelos seus assessores que demonstram o quanto estão distantes deste projeto político democratizante. O fato mais grave, volto a registrar, é a crítica de que o salário mínimo está muito alto. Doerá demais ver novamente os meus (e eu próprio) desempregados, sem dinheiro pra comprar remédio ou comida. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

COMO AGE A EMPRESA GVT

Estou abarrotado de coisas pra fazer, mas já tive que perder um bom tempo quebrando a cabeça com o péssimo atendimento da empresa GVT, vou perder mais alguns minutos partilhando a forma como lidam com os seus clientes. Na verdade, não sei se esta palavra consta do vocabulário deles: possivelmente eles nos veem como gado. Eu tinha um plano Oi (outra empresa odiosa), que depois de muita dor de cabeça acabou se estabilizando num preço e qualidade razoável. Todo mês a GVT me ligava pedindo pra mudar pra ela, mas eu sempre insistia que só o faria se me apresentam um preço melhor do que a da concorrente.

Certo dia então, numa bela manhã (lembro-me como se fosse hoje, estava trabalhando nas eleições do DCE-UEM), uma funcionária da GVT ligou no meu celular – não faço a menor ideia de como ela conseguiu o meu número – e me ofereceu um plano vantajoso em relação à OI. O plano previa 10 megas de internet e 11 mil minutos para ligações para fixos locais e uma diferença para cima de 8,00 R$ em relação à Oi. Com esta empresa eu tinha 1 mega e, se me lembro bem, 500 minutos locais.

Feliz, eu aceitei a proposta. A primeira decepção veio logo no dia da instalação da linha. O técnico já me advertira que aquele plano era válido por apenas um ano. Dito e feito. Após o tal ano a “bendita” suspendeu os 11 mil minutos. Liguei lá, soltei os cachorros, ameacei desligar a linha. Me ofereceram um plano de 300 minutos mantendo os 10 megas. Passa-se mais um ano e sumariamente também os 300 minutos foram suspensos. Agora tenho que pagar por cada ligação local feita. A conta subiu horrores.

Liguei lá, novamente furioso. Tenho muita pena dos funcionários que são obrigados a se submeter a esta empresa. As condições de trabalho devem ser desumanas. Devem sofrer muito. Reclamei. É uma carga de estresse muito grande despejada sobre eles. A moça me propôs manter os 10 megas e um bônus (que ódio dessa palavra) de 200 minutos locais e 100 minutos interurbanos por seis meses. Conversei rapidamente com meu irmão e decidimos encerrar a conta. Disse pra ela que não estava contente, que a GVT estava agindo de má fé comigo e queria, portanto, terminar o contrato. Eis que com essa palavrinha mágica tudo se transforma. Me passou para outra funcionária, encarregada de finaliza-lo.

A moça, “muito curiosa”, quis saber o motivo da minha decisão de encerramento. Ela se compadeceu de minha dor, tadinha, e decidiu fazer a bondade de me oferecer um novo e mais vantajoso plano (aos incautos, estou sendo irônico): me ofereceu ligações infinitas para fixos locais, manter os 10 megas e ainda garantir 50 minutos para dois números de celular pagando 5 reais a menos do que pagava antes. Incrível como as coisas se transformam nessa empresa? Qual a ordem que os funcionários recebem? Que espoliem o máximo que puderem os clientes, mas que se pedirem o desligamento oferecem melhores condições? A lei é essa? É a lei da selva?

Repudio profundamente a forma como somos tratados pelas empresas telefônicas (todas elas) e repudio também as agências governamentais que não tomam providências pra que esse circo se encerre.



Quem sabe um dia organizemos uma campanha em massa de encerramento de nossos contratos com essas empresas que só querem o nosso couro? 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Sobre Excluir as pessoas do facebook

Uma pessoa acabou de me bloquear no facebook como represália a reflexões feitas por mim, a qual ela simplesmente discorda.

Nunca excluí ninguém do meu face. Seja ele crente fundamentalista, homofóbico ou machista.
Excluir alguém me parece uma solução violenta e autoritária porque rompe a possibilidade de diálogo, de conviver com a diferença e negociar saídas para vida coletiva, para um mundo comum do qual todos nós incondicionalmente fazemos parte. Revela a face intolerante e incapaz de compreender o universo do outros nos seus próprios termos. Significa que selecionamos as pessoas com as quais queremos nos relacionar e as categorizamos em dois tipos: 1) aqueles agradáveis, isto é, fazem o que eu faço e 2) os insuportáveis e perigosos, que me aborrecem o tempo todo por pensarem diferente de mim.


Excluir alguém do facebook é um pequeno sinal da dificuldade de viver democraticamente. Se ampliarmos isso para esferas mais amplas, podemos, por exemplo, excluir religiosos por não gostarmos do seu fundamentalismo. Ateus por não compartilharem de nossas crenças ou homossexuais por adotarem uma orientação sexual diferente da predominante.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

BRASIL RECEBE A VISITA DE DARWIN MARX II PARA A REALIZAÇÃO DA JORNADA MUNDIAL ATEIA


Brasil, o país com maior número de ateus no mundo, está contando as horas para o início da Jornada Mundial Ateia, evento que contara com a presença de Darwin Marx II, o grande-camarada, líder do Ateísmo Mundial Cubano, eleito no último mês de março. O evento promete reunir a juventude ateia do mundo todo e ser uma grande celebração da humanidade, da emancipação religiosa e do fim da opressão clerical. O Estado já gastou mais de 300 milhões em obras de infraestrutura, transporte e segurança para receber os jovens ateus do mundo inteiro.
Esta a primeira vez que o líder ateu viaja para fora de Havana desde que foi escolhido o novo comandante da força ateia mundial. O povo brasileiro está ansioso para recebê-lo e acredita que a presença do camarada poderá alavancar ainda mais o ateísmo no Brasil. Cantores como Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda e Gilberto Gil devem comandar as apresentações para Darwin Marx II. Os jovens farão vigílias e caminhadas e ouvirão discursos do camarada-chefe.
Espera-se também que Darwin Marx II faça uma crítica aos mais de 500 anos de dominação religiosa no Brasil e condene a o genocídio praticado contra os nativos americanos após a chegada dos primeiros religiosos à esta região. Ele também deverá condenar a escravidão e a crença, aceita pelos religiosos, durante grande parte do período colonial, de que negros e índios faziam parte de uma categoria inferior aos batizados europeus.
A minoria cristã, no entanto, promete manifestações enquanto Darwin Marx II estiver no Brasil. A frente cristã é liderada pelos Pastores Marco Feliciano e Silas Malafaia e tem como principal porta voz a Jornalista Raquel Sherazade, que denuncia o que chama de culto à personalidade. O grupo promete fazer protestos contra o desperdício de gastos públicos com a Jornada Mundial Ateia e contra a cristianofobia, da qual julgam ser vítimas.
Os cristãos, em número diminuto no Brasil, afirmam que são vítimas da ditadura da maioria e que são o grupo social mais discriminado pela intolerância de uma sociedade que não aceita como racionais práticas arcaicas como orar em línguas, confessar os pecados, fazer penitência, doar o dízimo e se alimentar simbolicamente de carne humana.

A principal reivindicação dos cristãos é pelo direito de poderem se identificar publicamente como tal e restaurar o estilo de vida da idade média, período em que o cristianismo viveu seus anos dourados e detinha o controle político e econômico da sociedade. Outra reinvindicação é voltar a cobrar o dízimo dos fieis e comercializar artefatos religiosos, como terra ungida, caneta do milagre e imagens sagradas. Eles prometem realizar o batismo público de todos que desejarem encontrar o que consideram o caminho da salvação. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

OFÍCIO DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS SOCIÓLOGO(A)S À SEED-PR


São Paulo, 20 de dezembro de 2011.

OF nº 16/2011 – Presidência
Á
SEED - PR

Prezados

Ao verificar o EDITAL N.º 90/2011 - DG/SEED que diz respeito ao Processo Seletivo Simplicado para a Secretaria de Educação do Estado do Paraná, cuja realização esta sob a responsabilidade desta conceituada Instituição, constatamos em relação aos critérios de classificação que no Quadro 1 - Tabela de Títulos para Avaliação– os Critérios e Requisitos mínimos, para o cargo de professor de Sociologia não está de acordo com a Deliberação 03/08 que determina: Art. 6º A partir do início do ano de 2012, as disciplinas de Filosofia e Sociologia deverão ser ministradas exclusivamente por professores licenciados em Filosofia e Sociologia, respectivamente. Para ministrar aulas de sociologia é necessária a Formação/Licenciatura em Ciências Sociais conforme o que atesta a Lei Nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980 e Decreto 89.531, de 05 de abril de 1984 que cria a Profissão do Sociólogo que dispõe sobre o exercício da profissão de Sociólogo estabelecendo, entre outras atribuições, “ensinar Sociologia Geral ou especial (...)”.

Por possuir uma formação mínima de quatro anos dedicados às Ciências Sociais, o professor mais adequado para o ensino da Sociologia não pode ser outro senão o próprio sociólogo.

Esta demarcação profissional é importante, pois do ponto de vista legal, uma é incompatível com a outra. Daí por que da nossa preocupação com o que este disposto no edital em epigrafe, a fim de podermos evitar possíveis questionamentos na área jurídica, o que traria um desgaste para as partes envolvidas no concurso.
Diante do exposto, solicitamos a Coordenação desta ilustre Instituição que se digne a sanar os equívocos cometidos, deixando claro aos futuros candidatos ao cargo de Professor de Sociologia, o perfil de profissional que Secretaria de Educação do Estado do Paraná deseja contar em quadro profissional.
Atenciosamente,
Sem mais, registrando aqui nossa expressão de melhor apreço,
Cordialmente,

Soco Ricardo Antunes de Abreu (DRT 1560 – SP)
Presidente da Federação Nacional dos Sociólogo(a)s - FNS

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

QUEM CALA CONSENTE!

 A Câmara de vereadores de Sarandi-PR até agora se mantém calada sobre o desvio de dinheiro da educação e sobre o pedido de prisão e afastamento de Carlos de Paula. Infelizmente nenhum vereador sequer se pronunciou atá agora a respeito das prisões e afastamentos.
Vereadores, queremos ouvi-los, vocês foram eleitos para defenderem o povo e a justiça. Cade vocês? Por acaso o silêncio de vocês significa omissão, conivência ou cumplicidade?

sábado, 19 de janeiro de 2013

CAOS NA EDUCAÇÃO DE SARANDI



Passamos por um momento difícil em nosso município. Talvez você não saiba, mas o índice de avaliação (IDEB) escolar de Sarandi é o menor de toda a região. Por que isso ocorre justamente em Sarandi?
Talvez tenhamos algumas respostas: Os professores de nosso município recebem o menor salário desta região e enfrentam dificuldades como: falta de material de trabalho, formação docente e horas-atividade. Além disso, faltam professores para as aulas de Educação Física, Arte e para o reforço escolar. Enquanto isso a violência avança dentro de nossas escolas.
Diante disso, perguntamos: o que nossos representantes estão fazendo para enfrentar esta situação?
Nos últimos dias o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apreendeu pelo menos dois empresários do ramo da educação, um funcionário público e o próprio secretário da educação, o conhecido Professor Manuel, ex-vereador e ex-diretor da Escola Estadual do Jardim Panorama. A acusação que pesa sobre eles é que estariam envolvidos num esquema de fraude de licitação em que seriam desviados centenas de milhares de reais para os bolsos privados.
Fica fácil, portanto, compreender porque Sarandi possui o menor índice educacional da região, os piores salários dos professores e servidores e porque nossas crianças enfrentam um sistema escolar tão precário.
Receamos que esta seja apenas a ponta do iceberg. Ora, se há desvio de recursos na educação porque não haveria em outras áreas? Como exemplo, podemos citar os problemas na saúde e na qualidade do asfalto e na própria falta dele.
Senhores pais, não podemos assistir o futuro de nossos filhos serem assaltados dessa maneira. A educação pública e de qualidade é um direito para todos, porque, então, não ensinamos esportes, artes, leitura, escrita, história, números com qualidade suficiente?
Vamos nos unir. Precisamos organizar uma grande frente de luta contra a corrupção na educação de nossa cidade e exigir fiscalização de todas as contas públicas. Vamos à luta!?
Próxima reunião – terça feira, 22/01/2013, Local: Escola Estadual Irmã Antona, 19 horas.
Associação de Moradores do Jardim Independência II e Panorama/ Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) / APP de Luta e Pela Base – Oposição Sindical / CSP CONLUTAS / Oposição sindical Servidores em Luta – Sarandi / Diretório Central dos Estudantes – Gestão Movimente-se UEM / Conselho de Segurança do Município de Sarandi 

Carta aberta aos vereadores de Sarandi


Carta aberta aos vereadores de Sarandi

A população de Sarandi vem por desta se dirigir respeitosamente a esta casa de leis na certeza de que seremos atendidos. É fato público e de ciência da maioria de nossa população a deflagração da operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) intitulada Quadro Negro, a qual se dispôs e investigar crimes envolvendo a educação pública. Em nossa cidade, para nossa tristeza e amargura, foram presos dois empresários, um funcionário público e o senhor secretário de município de educação. A acusação que pesa sobre os detidos é que teriam participado de um esquema de fraudes de licitação e o que valor supostamente desviado estaria na casa das centenas de milhares. Ficamos imensamente preocupados com o presente e o futuro de nossas crianças ao testemunhar este fato deplorável. Então, não nos resta outra iniciativa a não ser nos perguntar: como é possível que tal quantia seja desviada para o bolso de terceiros enquanto nossos professores e servidores municipais recebem os salários mais baixos de nossa região? Como é possível que tal crime ocorra enquanto a situação nas escolas é precária, faltando não só material de trabalho para os professores, como também estrutura adequada para o exercício do aprendizado? Diante dos fatos não há argumentos. Ficamos então a nos perguntar: qual o objetivo deste grupo que administra esta pasta tão fundamental para o desenvolvimento de nossa cidade? Qual será o futuro de nossas crianças? O que será de nossos professores? Nós, munícipes de Sarandi, esperamos independência desta casa de leis e compromisso com a justiça, por isso, vimos por meio desta, reivindicar um firme posicionamento e que sejam tomadas todas as providências cabíveis a para que os culpados sejam punidos. Não podemos assistir passivamente tal situação, pois isso nos colocaria na condição de cúmplices. É preciso que defendamos a justiça e a honestidade, pois assim, além de tudo, estamos ensinando nossas crianças a lutar por seus direitos. Certos de que seremos correspondidos e teremos os interesses públicos defendidos por esta casa de leis, subscrevemo-nos.

Associação de Moradores do Jardim Independência II e Panorama
Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL)
APP de Luta e Pela Base – Oposição Sindical
CSP CONLUTAS
Oposição sindical Servidores em Luta – Sarandi
Diretório Central dos Estudantes – Gestão Movimente-se UEM
Conselho de Segurança do Município de Sarandi 

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O ALUNO


Desconheço o autor


Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da quinta série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual.
No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Ricardo. A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.
Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano.
A Sra. Teresa deixou a ficha de Ricardo por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.
A professora do primeiro ano escolar de Ricardo havia anotado o seguinte: Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.
A professora do segundo ano escreveu: Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.
Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: a morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo.
A professora do quarto ano escreveu: Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.
A Sra. Tereza se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada.
Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.
Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Ricardo lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Tereza chorou por longo tempo...
Em seguida, decidiu-se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava.
Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor da classe. Um ano mais tarde a Sra. Tereza recebeu uma notícia em que Ricardo lhe dizia que ela era a melhor professora que teve na vida.
Seis anos depois, recebeu outra carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo.
Mas a história não terminou aqui. A Sra. Tereza recebeu outra carta, em que Ricardo a convidava para seu casamento e noticiava a morte de seu pai.
Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes, e também o perfume. Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido:
- Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.
Mas ela, com os olhos banhados em pranto sussurrou baixinho: você está enganado ! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci.
Mais do que ensinar a ler e escrever, explicar matemática e outras matérias, é preciso ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando.
Mais do que avaliar provas e dar notas, é importante ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a diferença...

sábado, 15 de dezembro de 2012

SOBRE PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO FEDERAL



Lendo um post de um amigo professor sobre a pesquisa que desenvolverá sobre a percepção dos beneficiados com os programas sociais do Governo Federal, tais como o Bolsa Família, fiquei pensando como este programa deve ser importante na vida das pessoas que são atendidas por ele.
Na minha infância eu nunca fui ao cinema, ao teatro, parque de diversões e só consegui comprar um vídeo game Super Nintendo usado por volta dos quinze anos. Os doces que comíamos era apenas paçoquinha, doce de abóbora, canudo de leite. O mesmo valor também dava pra comprar dois chicletes ou um pacotinho com três figurinhas.
Com certeza os programas sociais não resolvem o problema de ninguém, mas certamente se tivéssemos esse benefício quando eu era criança talvez meus pais poderiam ter comprado um caderno melhor, uma lapiseira ou nos levado pelo menos uma vez ao parque de exposições na hora do show ou para andar num brinquedo. Digo hora do show porque agora me lembrei que meu avô levava meu irmão e eu no parque na parte da manhã, quando a entrada não tinha custo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Raul O Início, o fim e o meio!

Terminei de assistir o documentário Raul O Início, o fim e o meio! O filme Narra a trajetória de um homem extraordinário, um herege por excelência, de uma capacidade criativa e contestatória extraordinária. Incrível. Sua profundidade, riqueza, intensidade foi seu princípio, seu meio, seu fim. Uma vida não tão longa. Certamente todos que conhecem sua obra lamentam profundamente por ele já não estar conosco. No entanto, continua vivo em sua música, em sua poesia, em sua contestação.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

MAGAZINE LUIZA - TOTAL DESRESPEITO AO CONSUMIDOR

Desejo com este post repudiar a total falta de respeito da Empresa Magazine Luiza, que não tem o menor interesse em atender com dignidade o público consumidor. Como toda empresa, esta visa apenas lucro e não prestar um serviço a sociedade. Desse modo, todo esforço é feito na hora de vender um produto, no entanto, o mesmo não ocorre no processo de troca.Estou enfrentando sérios problemas para trocar um eletrodoméstico. Por duas vezes já tive que enfrentar o trânsito infernal de Maringá, gastar gasolina e principalmente tempo para trocar a minha mercadoria e ainda não consegui efetivar a troca. Foram informações mentirosas, promessas não cumpridas, chá de cadeira e problema não resolvido.Imagino que o processo não seja diferente em outras empresas, já que a dinâmica é a maximização dos lucros, não do serviço à sociedade. Desse modo, claro, nosso inimigo é capital. Mas ainda assim, recomendo que não comprem nesta loja, por dois motivos: primeiro, porque você pode passar pela mesma situação que eu. Segundo, para retaliar esta empresa, que claramente desrespeita seus clientes.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

MAIS UM CRIME CONTRA OS DIREITOS DOS SARANDIENSES


Violação dos direitos fundamentais do ser humano.
Lamento pela precarização intencional da saúde pública em Sarandi. Infelizmente, por objetivos pessoas e por ânsia de poder nosso povo vêm sendo massacrado. O sinal mais visível é a inexistência de saúde pública em nossa cidade.

terça-feira, 17 de abril de 2012

SOBRE A ARTE DE ENSINAR

“Prefiro as lágrimas por não ter vencido, do que a vergonha por não ter lutado”
Às vezes cometemos erros. Não são apenas os professores autoritários que erram. Os democráticos também erram. Mas fico pensando, prefiro errar por excesso de zelo a errar por prejudicar alguém, por ser intransigente, duro, incapaz de dialogar com o aluno. Obviamente, isso requer admitir e corrigir o erro, caso raro entre os que gozam de algum tipo de poder.
Escolhi ser professor, e essa opção foi livre e desejada. Eu posso dizer que realmente escolhi ser professor. Entre as possibilidades que se colocaram pra mim no momento da minha decisão profissional, todas que me cativaram estavam relacionadas à prática docente. Entre elas optei pela licenciatura em Ciências Sociais, onde me sinto totalmente realizado tanto do ponto de vista da pesquisa e da produção científica, quanto do ponto de vista da docência.
Penso que me formei professor para compartilhar, para somar. Em outras palavras, não me formei professor para vigiar, fiscalizar, punir ou torturar ninguém. Não sou rígido apenas porque não consigo. Mas porque não quero. Porque optei por não sê-lo.
Optei por fazer de minha sala de aula um espaço de construção intelectual e humano. Obviamente, nem sempre acertamos na dose dessa ação. Mas essencialmente minha prática se pauta pela aposta na construção de um sujeito estudante autônomo, e a única forma de o professor colaborar pra isso é conferido autonomia a ele. Não se ensina a democracia, a igualdade e liberdade se não as praticando.
Nessa perspectiva não apenas o momento de exposição monológica do conteúdo é pedagógico. É igualmente pedagógica a maneira como o professor de se porta diante do conhecimento e diante dos alunos. Nessa perspectiva até mesmo a roupa que o docente usa cumpre uma função educativa. Não se ensina apenas com doutrina, se ensina com gestos, comportamentos, sorrisos. Da mesma forma, as fugas do conteúdo, as perguntas mais bobas e as brincadeiras são consideradas relevantes e dignas de serem problematizadas.
Enfim, o papel do professor é mediar a compreensão do texto. Para tanto vale o melhor contexto (por favor, releve a rima pobre). Assim, a nota, o ranqueamento e toda forma de classificação quantitativa é relegada a um segundo plano. A nota da “prova” não reflete, de fato, o que o aluno aprendeu. Aliás, a própria avaliação é um momento formativo fundamental para a construção do conhecimento. Quando se erra na prova, se acerta na vida. Com efeito, uma atitude espontânea do estudante é indagar o professor, onde errou e porque errou. Essa busca o faz notar o erro, corrigi-lo e enraizar a compreensão correta em seu sistema cognitivo.
Neste sentido, a prática docente assume contornos agonísticos, é um refletir e refazer constante, que, no entanto, não é cíclico, nem linear, mas pode ser espiral, pois os processos de teses e antíteses resultam em novas sínteses, que por sua vez desembocam em novas teses e assim por diante. Desse modo, entendo que só o professor que ousa não ficar no lugar comum pode avançar no aprimoramento de sua prática e na potencialização do repertório intelectual e humano de seus alunos. Afinal, o maior ensinamento deste mestre não é a doutrina consagrada, mas os caminhos para a busca do conhecimento indicados por sua ação. Assim, repito, prefiro errar por ser democrático a errar por ser autoritário.

sábado, 17 de março de 2012

ASFALTO DO NO JARDIM NOVO PANORAMA – MAIS UMA OBRA CLIENTELISTA E ELEITOREIRA

Os CCs da atual gestão da prefeitura de Sarandi enchem (R$$) a boca para alegar que todos que corajosamente apontam os problemas desta administração não se agradam com nada, são filhote desse ou daquele político etc. Mas eu vou deixar para leitores tirarem as suas próprias conclusões. Abaixo relaciono algumas fotografias da obra de asfaltamento do Jardim Novo Panorama. Como o leitor deve saber, as vias deste bairro são feitas com paralelepípedo. O estimado leitor deve saber também das enxurradas que descem por este bairro, chegando furiosas no Parque Alvamar, onde invadem casas, destroem casas e vitimam seres humanos.

Pois bem, uma grande obra está sendo concluída para resolver o problema destes dois bairros. Finalmente, enquanto alguns pensavam que morreriam ser ver asfalto em frente a sua casa, o caminho preto chegou. Pasmem! Não foi feito sistema de galeria de águas, rede de esgoto é produto de luxo e o massa asfáltica foi jogada sobre as pedras. Que o leitor faça a sua própria avaliação e conclua aonde vai parar as aguas pluviais.

No entanto, o mais belo trabalho foi feito na Rua Júlio Limonta, no trecho que faz divisa com Maringá. Ali simplesmente jogaram a malha asfáltica sobre o cascalho irregular. As lombadas e depressões no desenho do solo foram mantidas e tampouco se fez o meio-fio. Lamento. Nos levantamentos que tenho feito sobre o planejamento urbano de Sarandi, este se define pela ausência de qualquer planejamento racional, pelo crescimento desordenado do espaço urbano e pela administração clientelista e autoritária da pauperização deste povo. Marx falou sabiamente que os fatos históricos acontecem duas vezes, a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Cabe a cada cidadão Sarandiense tomar a sua história nas mãos e escolher romper com este farsa ou dar seguimento a ela, mantendo-se submisso a esta política que vem sendo feita na nossa cidade.























quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

PREFEITO CARLOS DE PAULA NÃO RESPEITA NEM ESTUDANTES DA EJA

“A educação sozinha não transforma
a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda” (Paulo Freire)


Que uma das maiores virtudes do atual prefeito de Sarandi, Carlos de Paula, é não ser democrático todo mundo sabe, mas o difícil de mensurar é ate aonde vai sua capacidade de tratorar tudo e todos para atingir seus objetivos, que também é sabido por todos, isto é, a reeleição a qualquer custo.

Hoje infelizmente participei de um incidente lamentável com o prefeito. Fui acompanhar uma reunião na qual o prefeito convidou os moradores do Jardim Novo Independência para falar tratar sobre o asfaltamento da região. Ótimo. Mas como sei que cada reunião dirigida pelo prefeito é um circo onde, lógico, ele é personagem principal, não era de se esperar que seu cajado autoritário fosse agir mais uma vez.

Não quero aqui tratar do déficit democrático e não participativo de seu governo, nem da forma manipuladora e demagógica que ele dirige as suas reuniões. Só para registrar, o prefeito pede votação às suas propostas sem o menor debate, sem estudos técnicos e sociais sobre a obra, o prefeito simplesmente fala que é bom e pede pra que quem concorde levante mão, em meio a confusão, o povo gentil simplesmente ergue o braço. Na avaliação do prefeito isso é ser democrático. Uma das palavras dele hoje foi “ta vendo, isso que dá ser democrático”, ao se referir a uma proposta “aprovada” na reunião.

Mas escrevo para relatar que o prefeito Cara de Pau, digo, Carlos de Paula não respeita nem mesmo os estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Chegando a escola reparei que havia pessoas, na maioria senhoras, com cadernos abertos sentados às carteiras em uma das salas de aula da Escola Municipal Yoshio Hayashi. Olhei bem e não acreditei que fosse uma aula. Viro-me então e pergunto a um guarda e ele confirma, são alunos estudando. Nesse ínterim o prefeito passa por nós, então aproveito e o indago se ele não respeita os alunos que estão estudando. Muito educado, ele segue andando e me xinga, as palavras deles são impublicáveis e prefiro joga-las ao lixo ao invés de disseminar tolices por aí. Mas gira em torno disso “ah, vai se f... seu f.....”.

É obvio que fiquei chocado e revoltado. Como professor que sou e sei do quanto é problemático trabalhar em um ambiente inadequado, sobretudo com o alto barulho dos gritos “eleitoreiros” do mestre de cerimônias da prefeitura, amplificado pelo som em volume máximo. Fiquei embasbacado. Mas como o que está ruim pode piorar, o capataz do senhor prefeito, o ilustre vereador Ailton Machado, veio me advertir. Segundo ele eu estava desacatando a autoridade do prefeito. Claro que meu sangue é quente e eu respondi a altura, inclusive no tom da voz (confesso, gostaria de ter sangue de barata em momentos como este), e aproveitei pra dizer algumas verdades a ele. Se sentindo desrespeitado, o capitão do mato disse que ia chamar a polícia, óbvio, logo ele se dissuadiu dessa ideia em instantes.

Mas enfim, qual é a moral da história? A realidade é que este governo está preocupado demais em enfiar goela abaixo da população as suas obrinhas e angariar votos que se esquece de que em Sarandi existe um povo que desde que esta região foi ocupada vem sofrendo com toda sorte de preconceito, miséria, discriminação, ausência de saúde, educação e equipamentos públicos de qualidade. O prefeito não é capaz nem sequer de notar que existem estudantes. E que muitas vezes eles são adultos que não tiveram oportunidade de estudar quando crianças. Que precisam trabalhar o dia todo e se sacrificar no ensino noturno. Mas, claro, o palanque eleitoral é mais importante que qualquer estudante; onde já se viu, por causa de semianalfabetos o senhor prefeito deixar de realizar sua “democrática” e “participativa” reunião. Claro, neste caso, democracia e participação significa erguer a mão e referendar o que já foi decidido “cientificamente” pela ambição do senhor prefeito.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vencedor e Vencido

Eu acho curioso que nesse jogo da vida em sociedade o vencedor não consiga entender o vencido. Aos olhos do vencedor, o vencido não passa de um radicalista, cuja mágoa, raiva, revolta, não passa de sentimentalismos infundados. O vencedor cega-se no que tange a toda opressão, todo sofrimento e todo silenciamento que é imposto ao derrotado. Neste contexto, o perdedor aparece como um fracassado, incapaz de fazer coisas boas e triunfar.
Ao vencedor é impossível compreender o mundo do vencido, já que este foi desenhado por meio do sofrimento, da dor, da humilhação, coisas que, na condição de ganhador, o vencedor jamais experimentara.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SOBRE PRECONCEITOS

Existe preconceito por apenas um motivo: por medo daquilo que não conhecemos. Por isso construímos monstros, demonizamos as pessoas e as consideramos erradas. Quando julgamos uma pessoa, por exemplo, como promíscua, erotizada, imoral, na maioria das vezes estamos sendo preconceituosos, porque não compreendemos a forma como aquela pessoa concebe o mundo. É por isso que nossa sociedade tem preconceitos contra ateus, negros, homossexuais, indígenas, pobres, nordestinos etc. O preconceito é fruto do desconhecimento. Sobre específico a questão homoafetiva, o preconceito vem de uma resíduo social que deprecia tal comportamento e acabamos incorporando isso. Mas quando passamos a ter um amigo, um irmão, um confidente, um aluno que sofre ultrajes, humilhação, desprezo por algo que os demais julgam inferior, mas que pra ele é uma condição de vida, nossa visão a respeito muda. Só é possível achar inferior um comportamento, no caso, homoafetivo, por desconhecer seus dramas ou, então, por fazer, deliberadamente, uma escolha contrária (e por isso violenta, ainda que do ponto de vista simbólico) a estes seres humanos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sobre a cachorrinho da enfermeira!

Eu preciso desabafar ... este fenômeno do cachorrinho da enfermeira que, aos olhos da opinião pública, é um verdadeiro demônio tem me irritado. Vivemos numa sociedade em que as pessoas são alimentadas por fenômenos e, de vez em quando, recebemos uma dose de indignação virtual imobilista. Estas pessoas esbravejam, via rede social, é claro, mas esquecem de todos os horrores cometidos todos os dias contra os seres humanos, a fauna, a flora e o meio ambiente. Como a pauta da vez, vou recomendar o vídeo Terráqueos. Ele mostra as formas brutais pelas quais os seres humanos oprimem os animais. E o pior, nós participamos ativamente disso. Recomendo o documentário, que pode ser abaixado por este link:

http://www.megaupload.com/?d=Z8OU5W5P

Nós não somos seres "malvados como a maldita enfermeira", [aliás, até parece que ela é única que mata animaizinhos], mas não deixamos de ser cúmplices de horrores como os retratados no documentário. Ótimo que sejamos capazes de nos sensibilizar contra a maldade, é isso, precisamos nos indignar, mas precisamos sê-lo de forma concreta e real. Precisamos de ações verdadeiras. Chega de hipocrisia, chega de 15 minutos de revolta. Ao deixarmos de lutar, estamos sendo coniventes. Até quando jogamos um inocente papel de bala na rua estamos sendo comparsas. Depois não adianta esbravejar (pelo face, mais uma vez) contra os milhões desviados dos cofres públicos e usados, claro, para matar animais inocentes, matar crianças indefesas, esmagar dois terços da humanidade e explodir o planeta.

Movimento Super Salários Não!!!!!

domingo, 10 de julho de 2011

PELA APLICAÇÃO DA LEI DO PISO DO MAGISTÉRIO EM SARANDI

Prezados cidadãos e cidadãs da comunidade de Sarandi,
Nós, profissionais do Magistério e da Educação Sarandiense, vimos através desta carta pública alertar a Vossa Excelência Sr. Prefeito, a Senhora Secretária de Educação deste Município, ao nosso Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sarandi – SISMUS e aos pais dos nossos alunos sobre nossas reivindicações referentes às condições de trabalho e valorização profissional – aplicação da lei do piso salarial nacional.
Vivemos um momento histórico de luta árdua e diária em que estamos resistindo a negação de direitos, especialmente os baixos salários que está levando a um número elevado de colegas pedindo “as contas” para trabalhar em municípios vizinhos que pagam mais e possuem um plano de carreira incomparavelmente melhor que o nosso, acarretando sobrecarga de trabalho aos que ficam.
A falta de professores, principalmente os especializados, ocorre a perda do direito da hora aula atividade que são momentos dedicados à preparação de aulas, correção de avaliações, atendimento aos pais, entre outros. A perda deste direito (hora aula atividade) tem como consequencia a perda de qualidade do ensino o que resulta perda da qualidade na educação do município.
As consequências de uma educação de má qualidade para o futuro de uma cidade são desastrosas em todos os sentidos. Diante da realidade que estamos enfrentando no nosso dia a dia nas escolas, necessitamos urgente de uma política de valorização dos trabalhadores municipais da Educação de Sarandi, por isso exigimos:
• Que se cumpra a Lei do Piso Nacional de acordo com as reivindicações da CNTE; (Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação);
• Readequação do PCCRM (Plano de Cargos Carreira e Remuneração do Magistério);
• Divulgação das prestações de contas das verbas destinadas à Educação;
• Contratação de professores para suprir a falta destes profissionais e permitir que todos os professores usufruam de seus direitos como afastamento não remunerado (Principalmente para estudos) e licença prêmio;
• Elaboração de cronograma organizacional, no mínimo de dois anos, organizando e agendando a liberação para licenças prêmio com a finalidade de evitar atrasos absurdos em relação a licenças: sabemos que há professores na rede com até 3 licenças atrasadas (15 anos de trabalho sem usufruir desse direito );
• Remuneração, salário inicial de acordo com formação;
• Hora-aula atividade respeitada: que todos que tem esse direito possam usufruir de acordo com a Lei do Piso (1/3 hora aula atividade e 2/3 em sala);
• Reunião com o poder executivo abrindo o negociação com os profissionais da educação e a comunidade sarandiense para o atendimento das demandas para que nenhum estudante fique de fora do acesso à educação.
• Imediata aplicação pelo poder executivo da Lei do Piso Nacional Profissional do Magistério. Agora o piso é lei, nós exigimos sua implementação atraves de ampla discussao com a categoria!
A SITUAÇÃO É GRAVE! Precisamos nos unir e buscar um Plano de Carreira dos professores que contemple e respeite a Lei do Piso Nacional do Magistério articulando o atendimento das reivindicações dos professores e da comunidade sarandiense num Plano Municipal de Educação. Por isso convocamos a direção do nosso sindicato SISMUS a entrar nesta luta pela garantia de direitos, a melhoria dos salários a partir da aplicação da Lei do Piso e pela melhoria da qualidade da educação com mais investimentos.
Propomos convocar os companheiros da direção do SISMUS a ocupar seu lugar nesta luta e ajudar sua base nesta conquista tão importante para todos os profissionais do magistério de Sarandi.
Carta aprovada por aclamação em Audiência pública pela Educação realizada na câmara municipal de Sarandi, no dia 06/07/2011, que contou com a presença de mais de 50 profissionais da educação

sexta-feira, 24 de junho de 2011

E a Igreja se fez show...

Por Cesar Kuzma

Neste último domingo, dia 19 de junho, assisti a apresentação do Pe. Reginaldo Manzotti no “Domingão do Faustão”. Com certeza, o Pe. Manzotti alcançou a fama que procurava há muito tempo e hoje se tornou tão conhecido como o Marcelo Rossi (a quem imitou e seguiu) e outros "midiáticos" da Igreja Católica no Brasil e, também, do mundo da música e do entretenimento.


No entanto, tal apresentação me faz parar e refletir alguns pontos: 1) O que representa para a Igreja Católica atual uma personalidade assim? 2) O que ele traz de novo, ou se realmente ele traz algo novo? 3) Que imagem de Igreja estamos passando para a sociedade com uma pessoa assim e, obviamente, para a própria Igreja, hoje tão carente de formação? Cada um destes pontos merece uma análise profunda, que não faremos, a ideia é apenas uma breve reflexão sobre o assunto, crítica, mas respeitosa.


O Documento Lumen gentium do Concílio Vaticano II (1962-1965), que apresenta uma reflexão dogmática sobre a Igreja, destacando sua natureza e missão, começa assim: "Lumen gentium cum sit Christus", ou seja, a Igreja é luz para os povos assim como Cristo. Ser luz, no entanto, é transmitir a mensagem do Evangelho, na qual Cristo é a luz. A Igreja, que somos nós, não tem uma luz própria e não prega a si mesma e, consequentemente, não conduz as pessoas a si, pois ela não é o fim, o destino de todos. A Igreja é iluminada pela luz de Cristo, cujo Espírito a conduz.


A Igreja, como "luz do mundo" anuncia Cristo e o seu Reino e conduz as pessoas a este fim, a este éschaton (destino último); assim ela é sinal e sacramento. Este mesmo documento apresenta-nos o papel dos batizados, que compõem a Igreja de Cristo, discernindo a sua vocação e missão. Isso fica claro quando ela nos remete a questão do serviço, um serviço ao Reino, a exemplo de Jesus, que na sua humildade e pequenez conduziu as pessoas à esperança num reino de amor, justiça e paz; um Jesus que declarou bem-aventurados os pobres e, a partir deles, iniciou o seu testemunho, fazendo-se pobre para de tudo nos libertar, sendo ponto de justiça, caminho e verdade.


Preocupa-me saber o que representa o Pe. Manzotti para a Igreja e para a sociedade brasileira atual. Será que ele representa o seguimento de um Jesus pobre da Galiléia, tão profundamente descrito nos Evangelhos, ou será que ele representa a si mesmo, diante do orgulho e da vaidade, pecado tão sutil aos membros da mídia, ou daqueles que são feitos ou produzidos por ela? Quem fez o Pe. Manzotti e a sua fama e o que ele representa? Será que ele representa a Igreja Católica ou representa as gravadoras e emissoras de rádio e TV em que atua? O Pe. Manzotti anuncia a "boa nova" do Evangelho ou anuncia a "sua boa nova", tão frágil e carente de conteúdo. Com certeza, o Pe. Manzotti não representa a Igreja que eu sigo e acredito, pois sua pregação, atuação e postura estão muito longe (mas longe mesmo!) do que entendo como proposta de seguimento, discipulado e missionariedade. Não falo apenas das letras de suas músicas (muitas delas, por sinal, com graves erros teológicos que educam o povo erroneamente); não falo das suas fotos sensuais nos álbuns dos CDs; não falo dessas situações, pois é pequeno demais e nem vale a pena; mas falo da postura, atuação e pregação que deve ter um cristão, quer ele seja um leigo, um religioso ou um padre, mas uma atuação de seguimento e de exemplo... Lumen gentium! É uma pena, pois um projeto de inculturação da fé deveria ser um serviço de integração com a sociedade e não uma maneira de ser refém desta, juntando seu capital, glamour e aparência. Uma Igreja que propõe discipulado e missionariedade com o Documento de Aparecida (2007) fica a mercê diante desta forma de "evangelizar". O que representa o Pe. Manzotti? Bem, certamente, representa a si mesmo e a sua imagem...


É evidente que sua pregação não traz nada de novo, pois dentro de músicas modernas se esconde uma postura de Igreja fechada e clerical, que coloca o padre (o sacerdote, maneira como ele sempre se apresenta) em destaque diante dos fiéis. Antes tínhamos o padre que apenas rezava a sua missa, deixando o povo na expectativa, como alguém que sempre recebe. Agora temos o mesmo padre com suas vestes carregadas e pomposas (como de antigamente) tornando-se um cantor e animador de auditório em programas de televisão e em praças públicas pelo Brasil. Não negamos que a Igreja deva adotar uma nova postura diante da sociedade moderna e pós-moderna, de maneira a integrar mais as pessoas e seus novos problemas e questionamentos, acontece que posturas assim envolvem o povo em luzes e sons, transformando o altar num palco e a Eucaristia num show, totalmente oposto aos ensinamentos da Igreja e totalmente contraditório com a proposta de Jesus, que se tornou igual e semelhante ao seu povo e só assim pôde conduzi-los no caminho do Reino (Fl 2,6-9). O Pe. diz que não faz show, fico em dúvida, então, para saber o que ele faz... Um dos seus programas de televisão chama-se "evangeliza show", algo próximo ao "show da fé" de R. R. Soares. Há que se entender que Igreja não é show business. Quando a Igreja passa a ser show ela deixa de ser comunidade, ela deixa de ser o local onde as pessoas se reúnem para partilhar do mesmo pão, ao redor de uma mesma mesa, tornando-se um só, em Cristo. Quando a Igreja se torna show ela deixa de ter eclesialidade, pois tira dos seus membros a participação ativa diante de sua missão, pois ninguém se conhece, todos são "turistas religiosos" atrás de um cantor, que neste caso, também é padre. Quando a Igreja se torna show ela se distancia drasticamente da proposta do Evangelho de Jesus, que nasceu pobre numa estrebaria, que viveu pobre na Galiléia e que morreu pobre e sozinho numa cruz em Jerusalém.


Mas alguém poderá dizer: mas ela fala tão bem, ele atrai tanta gente... Não nego que tenha méritos, e deve haver, mas questiono a forma e o modelo com que faz tais coisas. Até que ponto as pessoas seguem a Cristo e não o Padre? Até que ponto as pessoas vão à missa pelo Padre e não pela comunidade? Até que ponto as pessoas estão usando isso para um alimento pastoral e engajamento, e sim, para um aumento do individualismo e do culto ao "Eu-com-Deus", distanciando-se de uma proposta de Igreja de comunhão? Até que ponto a mensagem do Evangelho é atrair mais pessoas para a Igreja Católica (ou para outra Igreja)? Esta nunca foi a proposta de Jesus Cristo.


Quando questionado pelo rico faturamento que seu projeto traz, ele rapidamente diz que o dinheiro é para o projeto "Evangelizar é preciso" e não para ele. Mas o que é este projeto, que não fazer a divulgação dos trabalhos, CDs, livros, shows e produtos do padre? Evangelizar é preciso, é claro, mas o que é mesmo evangelizar? Se evangelizar for montar um projeto milionário, se for ser amigo do governador do Estado, aliado de pessoas da elite social e fazer shows, gravar CDs e ter programas de televisão e rádio, acho que não sei mesmo o que é evangelizar. Se fosse assim, Jesus deveria ter começado a sua missão no palácio de Herodes, na casa de Caifás e Anás e ter um grande acordo com Pôncio Pilatos, ao invés de começar em uma aldeia de pescadores da Galiléia. Acho que tudo isso é importante e deve e pode ser feito, desde que o horizonte último seja Cristo e o seu Reino, desde que isso possa ser multiplicado nas pequenas coisas e exemplos do cotidiano. Num momento em que Igreja reflete a sua eclesiologia (sobre a Igreja) em tentativa de resgate a pequenas comunidades, menores e mais
concentradas, mas com mais vigor e postura evangélica, tal postura do Pe. Manzotti vai contra este pleito.


Preocupa-me saber que imagem nós estamos passando de Igreja, preocupa-me saber que Igreja nós estamos formando para nossos filhos e membros e que mensagem de Reino nós estamos passando à sociedade. Foi-se o tempo em que cantávamos na missa ou nos grupos sem nos preocupar de quem era a música ou o CD (disco ou cassete na época), foi-se o tempo de que as músicas religiosas tinham mais teor evangélico e mais coerências sociais (ainda encontramos isso no Pe. Zezinho e Zé Vicente e em alguns outros), foi-se o tempo em que pertencer a determinada comunidade trouxesse ao cristão uma identidade viva e coerente, capaz de ligar a comunidade a sua vida, e assim por diante. Há um crescimento do turismo religioso motivado por fenômenos como o Manzotti, mas um declínio de conteúdo e discernimento da fé. Parece que damos razão a nossos interlocutores críticos da religião como Marx que disse: "A religião é o ópio do povo". Quando a Igreja se faz show, vemos que Marx tinha razão, pois ao invés de libertar ela aliena, pois o aprisionamento religioso faz parte de sua postura ideológica. Lamentável!


É lamentável entender que a Igreja Católica no Brasil hoje passa a ser representada por padres midiáticos como este, onde sua proposta de missão obedece mais aos interesses das gravadoras como "Som Livre" e outras do que a proposta do Evangelho. Esta representação deixa um Jesus de Nazaré pequeno, quase esquecido, diante das luzes que compõem o grande espetáculo. É triste entender e lembrar que no passado estávamos representados (e muito bem!) por pessoas como Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Ivo e Aluisio Lorscheider, Dom Pedro Casaldáliga e tantos outros que deram a sua vida de fé em favor da paz, do amor e da justiça, testemunhas autênticas do Evangelho, e hoje, quem diria, somos representados por pessoas assim... É uma pena que pessoas tão importantes e atuantes pelas causas da Igreja só sejam reconhecidas depois de mortas em martírio, como Irmã Doroty e tantos outros, esquecidos por nós (Igreja) e pela sociedade. É uma pena imensa que pessoas atuantes em pastorais sociais e em diversos movimentos sejam muitas vezes esquecidos pela Igreja ou punidos por ela (TdL) por defenderem a causa da justiça contra os ricos e poderosos; ricos e poderosos que sustentam esta estrutura piramidal e patrocinam "novas lideranças" como o Pe. Manzotti, que pela postura, servem a seus interesses.


É triste dizer que a Igreja se fez show...
Cesar Kuzma
Teólogo leigo, católico, professor de Teologia da PUCPR. Assessor em grupos e movimentos eclesiais.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A EXCEÇÃO E A REGRA

Por Bertold Brecht – Adaptado por Eduardo Fernando Montagnari.

Primeiro, ache estranho o que não é estranho
Segundo, ache difícil de explicar o que parece banal
E por último, ache difícil de entender o que se apresenta como a regra
Desconfie de tudo
Diante da banalidade, aja sempre com cautela
E numa, mas nunca mesmo, deixe de fazer perguntas
Case seja necessário comece pelo que é mais comum
Caso seja necessário comece pelo que é comum
E procure saber se está correto
O senhor Brecht solicita expressamente
Nunca ache natural o que acontece e torna acontecer
Num tempo de confusão e violência
De desordem ordenada
Num tempo de arbitrariedade proposital
De impunidade descarada
Num tempo sombrio e triste
De humanidade desumanizada
Para que nada seja considerado imutável
Nada, absolutamente nada
Nunca diga: Isso é natural.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sociologia no Ensino Médio: ainda em busca de legitimidade

A presença da Sociologia no Ensino Médio nunca foi algo pacífico ou consensual. Em sua trajetória a Sociologia foi inserida ou excluída dos currículos deste nível educacional em diversos momentos, ao sabor do governante da época. Com a abertura política pós-ditadura militar e a conseqüente redemocratização, os sociólogos passaram a lutar para que a Sociologia fosse aceita definitivamente na grade curricular do Ensino Médio.

Fruto de lutas, avanços e retrocessos, e muita mobilização, finalmente em 2008 a obrigatoriedade desta disciplina nas três séries do Ensino Médio foi estabelecida através da alteração do art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O novo texto determina não mais que estudante apresente conhecimentos de Sociologia ao término do Ensino Médio, mas que esta disciplina seja lecionada em todos os anos de tal curso.

No entanto, a prescrição legal não foi suficiente para que a Sociologia fosse respeitada por todos como uma disciplina fundamental para a formação das novas gerações. No Estado do Paraná, desde que voltou a ser ensinada, a cada ano, os licenciados em Sociologia enfrentam árduas batalhas para assumirem estas aulas. Impera nos setores administrativos e nas escolas paranaenses a crença de que qualquer graduado, de qualquer área, pode lecionar Sociologia, assim como a sua irmã mais velha, a Filosofia.

Desde a publicação da LDB de 1996 sabe-se que o estudante do Ensino Médio, ao concluir este curso, deve apresentar domínio de conhecimentos filosóficos e sociológicos. Contudo, o texto da lei não especifica como este conhecimento deve ser ensinado. Deste modo, num primeiro momento estes saberes foram incorporados em outras disciplinas ou tratados como conteúdos transversais e depois passaram a ser ensinados em disciplinas específicas, mas em apenas uma série do Ensino Médio. Somente a partir deste ano, 2011, por determinação legal, a Sociologia – assim como a Filosofia – passou a ser ensinada nas três séries do Ensino Médio no Estado do Paraná, cumprindo o decreto presidencial supracitado.

Contudo, o Estado parece ter pouca clareza sobre quem é capacitado a ensinar Sociologia. Nos primeiros anos em que essa foi ensinada no Paraná, foi comum professores de qualquer área lecionando-a. Em muitos casos, graduandos em Ciências sociais iam para as escolas fazer o estágio supervisionado, mas chegando às salas de aula assustavam-se ao saber que o professor que ia orientá-los no estágio era formado em matemática, química ou letras. Não raro estes professores se recusaram a receber o estágio em suas salas de aula. Para evitar deslocamento para outras escolas estes professores assumiam as aulas de Sociologia e passavam a (não?) ensiná-las aos estudantes dessas escolas.

Indignados com esta situação, profissionais licenciados em Sociologia passaram a reivindicar o direito de assumir essas aulas. Depois de muitas lutas, estes professores foram, progressivamente, ocupando seu lugar nas escolas. No entanto, esta prática privatista de repassar as aulas de Sociologia para professores amigos ainda é comum em muitas escolas. De tempos em tempos surgem casos em que o professor não é formado na ciência específica. E o que mais nos assusta é que há um exército de sociólogos nas listas de espera para assumir a função que lhe compete no Ensino Médio.

Parece que a lógica que orienta a política para a educação é a do menor custo e não a da qualidade da educação e da melhor assistência aos alunos. Para que um professor concursado possa completar o seu padrão com aulas de sociologia basta que tenha em seu histórico escolar 120 horas dessa disciplina, não importando que ele seja formado em história ou engenharia mecânica. Como a Sociologia é ensinada na maioria dos cursos, pasmem, quase todos os graduados são considerados, pelo Estado, habilitados a ensiná-la e possuem precedência aos licenciados em Sociologia no caso de inexistência de aulas em sua disciplina.

O que gera este problema é que praticamente inexistem professores de Sociologia concursados. O último e único concurso para contratação de professores desta disciplina foi realizado em 2004. Assim, a defasagem de professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM) em Sociologia é de mais de 90%. Para suprir esta demanda ano a ano o governo contrata professores em regime de urgência, através do Processo Seletivo Simplificado (PSS). No entanto, os professores já concursados em outras disciplinas, sem aulas no seu padrão, possuem prioridade para assumir as aulas de Sociologia, desde que possuam a carga horária mínima de 120 horas cursadas em seus currículos da disciplina a ser lecionada.

No ano de 2011, a luta dos professores de Sociologia intensificou-se. As principais bandeiras levantadas foram a defesa de uma educação pública de qualidade e pelo direito dos alunos aprenderem Sociologia com sociólogos. O processo de contratação de professores temporários, o chamado PSS, deste ano caracteriza-se por confusão, processos na justiça, protestos e a desclassificação de professores formados em várias disciplinas, incluindo Ciências Sociais, com especialização e experiência de trabalho no Estado do Paraná. Neste ano ocorreu ainda mais um agravante: a distribuição de aulas de Sociologia para completar padrão de professores de outras áreas já é algo comum e previsto na legislação estadual. Contudo, além da distribuição das aulas para completar padrão, o Núcleo Regional de Educação entregou as aulas de Sociologia para professores de outras áreas como aulas extras[1].

Preocupados em ficar sem aulas e insatisfeitos com esta situação, nós, graduados e professores de Sociologia, decidimos nos mobilizar e protestar contra o descaso com a educação pública paranaense. Começamos através de troca de e-mails e em seguida passamos a nos reunir. Já na primeira reunião decidimos que tínhamos que trazer a público a situação que se encontra a educação estadual. Nossa avaliação foi a de que o cidadão paranaense tem o direito de saber o que ocorre dentro dos muros das escolas.

Nossa primeira manifestação foi realizada com diplomas de Cientistas Sociais nas mãos, nariz de palhaço e apitos na boca. Queríamos denunciar a desclassificação injusta de colegas e a distribuição de aulas de Sociologia para outros profissionais. Com apoio da APP Sindicato saímos em caminhada de frente a sua sede em direção ao Núcleo Regional de Educação (NRE), onde a imprensa já nos esperava. Depois de algum tempo de protesto, a chefe do NRE de Maringá admitiu o equívoco e revogou a distribuição de aulas feita a outros educadores. Tínhamos vencido uma batalha.

Na semana seguinte, ao saber que o vice-governador e secretário da educação, Flávio Arns, viria a Maringá, decidimos fazer nova manifestação e entregar uma carta relatando a situação ao secretário. Nossas reivindicações foram por educação pública de qualidade, através da reorganização do PSS 2011 e da realização de concurso público para contratar professores de Sociologia. Informamos ao secretário que pelo menos 90% desses trabalham de forma precária, através do PSS, ou através das complementações de padrão de outras disciplinas. Atencioso, o vice-governador disse concordar com nossas reivindicações e admitiu que solução definitiva é a realização de concurso público para a disciplina específica.

Entendemos que demos um passo a mais no sentido da legitimidade e da consolidação da Sociologia no Ensino Médio. No entanto, a luz no fim do túnel ainda é tênue. Subsiste ainda forte resistência ao ensino de Sociologia por alguns setores da educação pública. Nós, Cientistas Sociais, precisamos matar um leão por dia para garantir que nossa ciência continue a ser ensinada em nível médio. Diante das perspectivas incertas precisamos manter a mobilização e luta para que a Sociologia esteja presente em todos os anos do Ensino Médio e que seja ensinada por sociólogos ou Cientistas Sociais. Neste cenário tenebroso visualizamos apenas salários atrasados, poucas perspectivas de realização de concurso e descaso para com nossos alunos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CARTA AO EXMO. SECRETÁRIO DA SR. EDUCAÇÃO FLÁVIO ARNS

PELO DIREITO DE SE ENSINAR E APRENDER SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
A história do ensino de sociologia no Brasil caracteriza-se por mais de 100 anos de idas e vindas. Durante esta trajetória já secular a presença da sociologia no ensino médio permaneceu intermitente, ou seja, ao longo deste período a disciplina foi incluída e excluída dos currículos da Educação Básica por diversas vezes.
O processo de redemocratização suscitou o retorno gradativo da sociologia ao Ensino Médio, culminando com a sanção do decreto de Lei 11.684/08 assinado pelo Presidente em exercício José Alencar. Tal decreto alterou o texto da Lei de Diretrizes e Bases da educação nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo o ensino de sociologia em todas as séries do ensino médio. Com base neste decreto o governo do Estado do Paraná através da Deliberação N.º 03/08 determinou como a sociologia deveria ser implantada no Estado do Paraná.
Atualmente, para suprir a necessidade de professores da Rede Estadual de Ensino, para além dos concursos específicos, a Secretária de Estado da Educação (SEED) promove o Processo Seletivo Simplificado (PSS). Como o último concurso público para o provimento de vagas em sociologia ocorreu no ano de 2004, três anos antes do último grande concurso público promovido pelo Estado em 2007, já faz mais de seis anos que a disciplina de sociologia é suprida, em sua grande maioria, apenas por professores em regime de trabalho temporário, o que limita pedagogicamente os trabalhos dos professores e os impede de fazer planejamentos a médio e longo prazo. Tais condições geram instabilidade e insegurança quanto à expectativa de permanência no trabalho por parte do docente.
No entanto, os problemas não se resumem a isso. Os sociólogos que se classificam através do PSS encontram dificuldades em estabelecer contrato de trabalho devido a uma série de fatores. Destacamos a não apresentação das aulas de sociologia nas sessões públicas de distribuição de aulas, realizadas periodicamente pelo Núcleo Regional de educação. Em outros casos as aulas de sociologia são distribuídas ilegalmente para professores de outras disciplinas.
Entendemos que as aulas atribuídas indevidamente àqueles que não se enquadram na legislação devem ser canceladas, sendo atribuídas àqueles de direito. O direito administrativo prevê que o ato jurídico ilegal deve ser anulado e gerar seus efeitos de imediato. O ato jurídico de atribuição de aula a quem não é habilitado conforme Lei 11.6048/08 é ilegal e não pode gerar efeito de direito.
Os professores inscritos e classificados nesse Processo de Seleção esperam, no mínimo, que as aulas estejam expostas nas devidas sessões públicas. Entretanto, o que vem ocorrendo há muito tempo, e que se repetiu no ano de 2011, é o inverso: os próprios classificados é que fazem um trabalho de investigação para descobrir quantas aulas existem em cada Colégio e se estas estão sendo ministradas por profissionais habilitados de acordo com a legislação vigente quando, na verdade, o Estado deveria garantir a lisura e a clareza do processo de contração de professores. Este ano tivemos o agravante de professores absolutamente qualificados, especialistas e prestadores de serviço ao Estado por vários anos serem eliminados do processo. Entendemos que esta situação prejudica a qualidade da educação pública, já que este docente será substituído por outro menos graduado.
O desgaste moral e físico pelo qual passamos por conta dessa labuta investigativa é incomensurável. Por isso faz-se saber que repudiamos o destrato e a maneira como foi conduzida o PSS do ano corrente, onde por muitas vezes prevaleceram o desrespeito no trato para com os professores. Igualmente repudiamos a insuficiência de professores concursados para lecionar a disciplina de sociologia, fato que impede que o docente realize um trabalho continuado em uma escola.
Desse modo, solicitamos a Vossa Excelência, Secretário de Estado de Educação do Paraná, providências urgentes a respeito da forma como o PSS 2011 tem sido administrado. Em nossa região a maioria das escolas não está oferecendo aulas de sociologia por conta dos problemas do processo de distribuição de aulas. Enfatizamos que estas aulas devem ser supridas por profissionais habilitados para a transmissão de conteúdos próprios da disciplina de sociologia, algo imprescindível para um ensino de qualidade. O argumento de que não há profissionais habilitados na disciplina já não é mais aceitável, considerando que os cursos de ciências sociais encontram-se em franca expansão em todo o Paraná.
Dirigimo-nos à vossa excelência ainda para Solicitar o cumprimento da Deliberação N.º 03/08 emitida pelo Conselho Estadual de educação do Estado do Paraná que determina, no artigo 6°, que até o ano de 2012 todos os professores de sociologia neste Estado sejam licenciados em Ciências sociais e/ou Sociologia.
Por fim, entendemos que a realização de concurso público para a contratação de professores de sociologia é uma condição necessária e urgente para a continuidade do processo de construção de uma educação pública, gratuita e de qualidade e para oferecer dignidade aos profissionais das Ciências Sociais que já há vários anos Servem ao Estado do Paraná através do regime de contratação PSS.

ATENCIOSAMENTE
PROFESSORES DE SOCIOLOGIA DA REGIÃO DE MARINGÁ