domingo, 5 de abril de 2009

CHARLES CHAPLIN


Há pouco mais de trinta anos, no natal de 1977, o mundo perdia uma das figuras mais carismáticas do século XX, Charles Chaplin. Um ícone refletido na figura emblemática de Charlie (Carlitos), o romântico vagabundo de bigode, bengala e chapéu-coco. Imagem que povoa a mente de todas as pessoas do planeta.
Charles Spencer Chaplin nasceu em Walworth, Londres, em 1889. Filho de animadores do Music Hall, seus pais se separaram logo a seguir ao seu nascimento. A mãe tinha sérios problemas emocionais, que se agravaram com o tempo, o pai morreu quando Chaplin tinha ainda 12 anos, devido a problemas com bebidas. É da mãe que Chaplin herda o ludismo que carregaria para sempre na figura de Carlitos, quando criança esteve seriamente doente, ela sentava-se na janela e representava para o filho o que acontecia lá fora. Foi a mãe que lhe ensinou a cantar e a representar, e o menino Chaplin pisou nos palcos do Music Hall em 1894, aos cinco de idade.
Os problemas emocionais da mãe, juntando-se longos períodos de desemprego que ela passou, o alcoolismo do pai, trouxeram para a infância pobre de Chaplin momentos de internação em uma escola para crianças órfãs e destituídas de bens. Trabalhando regularmente nos teatros londrinos, Chaplin torna-se palhaço na companhia de comédia de Fred Karno.

A Figura Eterna do Vagabundo

Em 1912 segue com esta companhia para os Estados Unidos. A atuação de Chaplin na companhia de Karno foi vista pelo produtor de filmes Mack Sennet, que o contratou para trabalhar no estúdio Keystone Film Company. Iniciava-se uma das maiores carreiras cinematográficas da história. Charles Chaplin logo desponta no cinema mudo. É justamente no silêncio do cinema que cria o seu personagem malabarista, Charlie, ou Carlitos, como ficou conhecido no Brasil.
Com o adorável vagabundo Chaplin conquista o mundo. Faz desta personagem carismática um símbolo do século XX e do cinema que nascia no subúrbio de Hollywood, em Los Angeles. Carlitos torna-se o auto-retrato do homem no limiar da vida. Desprotegido do mundo, usa da inteligência para sobreviver, do carisma para conquistar e da sagacidade para incomodar os que estão à sua volta. A personagem empolga, mas toca na mesquinhez de quem a ladeia. Com o olhar triste e desprotegido, traz a completa solidão do homem diante de um mundo que se industrializa e se firma cada vez mais em um capitalismo selvagem. Carlitos traz sobre a sua proteção símbolos ainda mais desprotegidos do que ele diante da vida, como a criança abandonada pela mãe e encontrada pelo vagabundo (The Kid, 1921), ou a figura do cão rafeiro a acompanhá-lo. A figura do vagabundo é um ícone da galeria de personagens universais, não só do cinema, mas da arte moderna. Na sua contravenção e astúcia o reflexo do homem que luta contra o sistema, a liberdade vista como marginal e sem objetivos.

Um Homem de Cinema

Por trás da figura de Carlitos, Charles Chaplin revela-se um homem de negócios dentro da Sétima Arte. Funda com Mary Pickford, D. W. Griffith e Douglas Fairbanks Pai, em 1919, a United Artists, que se transformaria em um grande estúdio. Passa a dirigir os próprios filmes. Quando o som chega ao cinema em 1927, Chaplin permanece fazendo filmes mudos pela década de trinta. O seu primeiro filme sonoro só viria em “O Grande Ditador”, em 1940, sátira ao nazismo e à figura de Adolf Hitler.
Com “Tempos Modernos”, de 1936, Chaplin deixa claro o seu flerte com a esquerda. Suas posições políticas seriam responsáveis pela perseguição que iria sofrer quando da época da caça às bruxas deflagrada pelo macarthismo. Durante as décadas que viveu nos Estados Unidos, Chaplin jamais recorreu à nacionalidade americana, vivendo com visto de residência como qualquer outro estrangeiro. Acusado de comunista, numa visita à Inglaterra em 1952, foi impedido de entrar novamente nas terras do Tio Sam, tendo o seu visto negado pelo serviço de imigração daquele país. Chaplin decide viver na Suíça, de onde não mais iria sair. O velho senhor só retornaria à América em 1972, para receber o Oscar honorário (segundo da sua carreira) por sua obra e contribuição ao cinema. Em 1973 receberia o Oscar de melhor trilha sonora pelo filme “Luzes da Ribalta”, de 1952, mas só lançado em Los Angeles em 1972, devido à perseguição do macarthismo.
O último filme dirigido por Chaplin foi "A Condessa de Hong Kong", de 1967, protagonizado por Sophia Loren e Marlon Brando. Apesar do elenco, é um dos filmes que mais crítica negativa teve a sua carreira excepcional.
Em 1975, já livre das perseguições políticas devido às posições de esquerda, o adorável vagabundo do cinema tem o seu título de nobreza, é condecorado como cavaleiro de Sua Majestade, Elizabeth II, tornando-se Sir Charles Spencer Chaplin.

Fonte: http://virtualia.blogs.sapo.pt/7894.html

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